09 junho 2006

Crônica do Kledir Ramil sobre "Caiu na rede"

A escritora e jornalista Cora Rónai acaba de lançar um livro interessante chamado Caiu na Rede, onde coloca os pingos nos is e esclarece a verdadeira autoria de certos textos que circulam pela internet.
Dentre eles está incluído o meu Tipo Assim, um dos campeões de circulação, que se transformou em um "clássico" assinado por Luis Fernando Veríssimo.
Tipo Assim é de 2003 e dá título ao meu primeiro livro de crônicas. Tenho recebido meu próprio texto, de várias partes do Brasil, assinado pelo mestre Veríssimo. Inclusive em arquivos Power Point, com música e ilustrações bonitas.
Alguns amigos e admiradores me escrevem indignados com tudo isso e já criaram até uma comunidade no Orkut. Na tentativa de desfazer o equívoco, criam novas mensagens e fazem circular para que a autoria seja devidamente creditada.
Fico agradecido pela iniciativa e pelo carinho. De minha parte, não esquento muito a cabeça, pois já estou acostumado a ser confundido com outro. Durante minha vida inteira a história se repete. Por mais que eu tente explicar, ninguém aprende quem é o Kleiton e quem é o Kledir. E tem até gente que pensa que somos colados um no outro.
Como foi no dia do casamento do Kleiton, quando o padre perguntou pra noiva:
Luciana, aceita casar com Kleiton & Kledir?
Quando eu era criança, lá no sul, havia uma brincadeira chamada telefone sem fio. Não, não estou falando de celular. Telefone sem fio era uma brincadeira de rua, onde um grupo de crianças ficava passando mensagens faladas, de um para o outro. O primeiro criava uma frase, dizia baixinho no ouvido do segundo, esse por sua vez repetia para o terceiro e assim por diante até chegar ao último da fila, que então falava em voz alta o que havia sobrado da mensagem.
A diversão era exatamente essa, comparar a frase inicial com a bobagem em que ela havia se transformado após atravessar todos os obstáculos intermediários. Desde interferências reais, como problemas de audição, até contribuições voluntárias, como trocadilhos e piadinhas sem graça.
Hoje em dia vejo essas mensagens que circulam pela internet, sem autoria correta, um pouco como esse antigo telefone sem fio. Alguém pescou uma idéia, mexeu um pouco e passou adiante. Aí vem um e cola uma figura. Outro corta um parágrafo e acrescenta uma gracinha. Muitas vezes o que chega ao destinatário é um monstrengo literário, um texto Frankstein, sem pai nem mãe, pois ninguém é louco de querer assumir a paternidade de um negócio desses.
No caso do meu Tipo Assim, até que o texto se manteve mais ou menos fiel ao original. Apenas mexeram em alguns detalhes e acrescentaram um pedaço de uma outra crônica de minha autoria, que não altera o espírito da coisa, apenas o ritmo da narrativa.
Ah sim, e no final concluíram a obra com uma citação de Einstein.
Da qual eu nunca ouvi falar e não posso garantir que seja verdadeira.
Só Deus sabe!

Tipo assim

De: Kledir Ramil
Atribuído a: Verissimo

Tô ficando velho! Um dia desses, às 2 da manhã, peguei o carro e fui buscar minha filha adolescente na saída do show do Charlie Brown Jr. Ela e as amigas estavam eufóricas e eu ali, meio dormindo, meio de pijama, tentei entrar na conversa.
E aí, o show foi legal?
A resposta veio de uma mais exaltada do banco de trás.
Cara! Tipo assim, foda!
E outra emendou.
Tipo foda mesmo!
Fiquei tipo assim calado o resto do percurso, cumprindo minha função de motorista. Tô precisando conversar um pouco mais com minha filha, senão daqui a pouco vamos precisar de tradução simultânea.
Para piorar ainda mais, inventaram o MSN, essa praga da internet onde elas ficam horas e horas escrevendo bobagens umas pras outras, em código secreto. Tipo assim "kct! vc tmb nunk tah trank, kra. Eh d+, sl. T+ Bjoks. Jubys". Em português: "Cacete! Você também nunca está tranqüila, cara. É demais, sei lá. Até mais, beijocas. Jubys".
Jubys, que deve ser pronunciado "diúbis", é isso mesmo que você está imaginando, a assinatura. Só que o nome de batismo é Júlia, um nome bonito, cujo significado é "cheia de juventude", que minha mulher e eu escolhemos, sentados na varanda, olhando a lua... Pois Jubys é hoje essa personagem de cabelo cor de abóbora, cheia de furos nas orelhas, que quer encher o corpo de piercings e tatuagens. Tô ficando velho!
Outro dia tentei explicar pro mesmo bando de adolescentes o que era uma máquina de escrever. Nunca viram uma. A melhor definição que consegui foi "é tipo assim um computador que vai imprimindo enquanto você digita". Acho que não entenderam nada.
Eu sou do tempo do mimeógrafo. Para quem não sabe, é uma máquina que você coloca álcool e dá manivela para imprimir o que está na folha matriz. Por sua vez, essa matriz precisa ser datilografada (ver "datilografia" no dicionário) na tal máquina de escrever, sem a fita (o que faz com que você só descubra os erros depois do trabalho feito), com o papel carbono invertido... Enfim, procure na internet que deve haver algum site de antiguidades que fale sobre mimeógrafo, papel carbono, essas coisas. Se eu ficar explicando cada vocábulo descontinuado, não vou conseguir acompanhar meu próprio raciocínio.
Voltando às garotas, a cultura cinematográfica delas varia entre a "obra" de Brad Pitt e a de Leonardo de Caprio. Há anos tento convencê-las a ver "Cantando na Chuva", mas sempre fica para depois. Um dia, cheguei entusiasmado em casa com um filme francês que marcou minha infância: "A guerra dos botões". Juntei toda a família para a exibição solene e a coisa não durou nem 5 minutos. O guri foi jogar bola, Jubys inventou "um trabalho de história sobre a civilização greco-romana que tem que entregar tipo assim até amanhã senão perde ponto" e até minha mulher, de quem eu esperava um mínimo de solidariedade, se lembrou que tinha um compromisso com hora marcada e se mandou. Fiquei ali, assistindo sozinho e lembrando da época em que eu trocava gibi na porta do Capitólio.
Eu sou do tempo em que vidro de carro fechava com maçaneta. E o Fusca tinha estribo, calha e quebra vento. Não espalha, mas eu andei de Simca Chambord, de DKW, Gordini, Aero Willys e até de Romiseta. Não dá pra explicar aqui o que era uma Romiseta, só vou dizer que era tipo assim um veículo automotivo, com 3 rodas, que a gente entrava pela parte da frente (onde hoje fica o motor) e a direção era grudada na porta. Procure na internet, deve haver um site.
Tá bom, tá bom, confesso mais. Usei camisa Volta ao Mundo, casaquinho de Banlon, assisti à Jovem Guarda, O Direito de Nascer, mas é mentira essa história de que meu primeiro disco gravado foi em 78 rotações.
Há pouco tempo, João, meu filho de 8 anos, pegou um LP e ficou fascinado. Botei pra tocar e mostrei a agulha rodando dentro do sulco do vinil. Expliquei que aquele atrito era transformado em pulsos elétricos e transmitido através do toca-discos, dos fios, até chegar ao alto falante onde era gerado o som que estávamos escutando... mas aí ele já estava jogando sei lá o que no videogame. Não é que ele seja desinteressado, eu é que fiquei patinando nos detalhes. Ele até que é bastante curioso e adora ouvir as "histórias do tempo em que eu era criança". Quando contei que a TV, naquela época, era toda em preto e branco ele "viajou" na idéia de que o mundo todo era em preto e branco e só de uns tempos para cá é que as coisas começaram a ganhar cores.
Acho que de certa forma ele tem razão.
Tipo assim...

28 março 2006

Romeu e Julieta contemporâneo

Este é mais um texto cuja autoria foi esclarecida. A autora é Francine Bitencourt de Oliveira, que tem uma série de textos sobre Romeu e Julieta, que devem ser reunido em livro em breve.

de: ‹Francine Bitencourt de Oliveira›
atribuído a: ‹Luis Fernando Verissimo›

Sabem porque Romeu e Julieta são ícones do amor? São falados e lembrados, atravessaram os séculos incólumes no tempo, se instalando no mundo de hoje como casal modelo de amor eterno?

Porque morreram e não tiveram tempo de passar pelas adversidades que os relacionamentos estão sujeitos pela vida afora. Senão provavelmente Romeu estaria hoje com a Manoela e Julieta com o Ricardão.

Romeu nunca traiu a Julieta numa balada com uma loira linda e siliconada motivado pelo impulso do álcool.

Julieta nunca ficou 5 horas seguidas esperando Romeu, fumando um cigarro atrás do outro, ligando incessantemente para o celular dele que estava desligado.

Romeu não disse para Julieta que a amava, que ela especial e depois sumiu por semanas. Julieta não teve a oportunidade de mostrar para ele o quanto ficava insuportável na TPM. Romeu não saia sexta feira a noite para jogar futebol com os amigos e só voltava as 6:00h da manhã bêbado

Julieta não teve filhos, engordou, ficou cheia de estrias e celulite e histérica com muita coisa para fazer.

Romeu não disse para Julieta que precisava de um tempo, que estava confuso, querendo na verdade curtir a vida e que ainda era muito novo para se envolver definitivamente com alguém.

Julieta não tinha um ex-namorado em quem ela sempre pensava ficando por horas distante, deixando Romeu com a pulga atrás da orelha.

Romeu nunca deixou de mandar flores para Julieta no dia dos namorados alegando estar sem dinheiro.

Julieta nunca tomou um porre fenomenal e num momento de descontrole bateu na cara do Romeu no meio de um bar lotado.

Romeu nunca duvidou da virgindade da Julieta. Julieta nunca ficou com o melhor amigo de Romeu.

Romeu nunca foi numa despedida de solteiro com os amigos num prostíbulo.

Julieta nunca teve uma crise de ciúme achando que Romeu estava dando mole para uma amiga dela.

Romeu nunca disse para Julieta que na verdade só queria sexo e não um relacionamento sério, ela deve ter confundido as coisas.

Julieta nunca cortou dois dedos de cabelo e depois teve uma crise porque Romeu não percebeu a mudança.

Romeu não tinha uma ex- mulher que infernizava a vida da Julieta.

Julieta nunca disse que estava com dor de cabeça e virou para o lado e dormiu.

Romeu nunca chegou para buscar a Julieta com uma camisa xadrez horrível de manga curta e um sapato para lá de ultrapassado, deixando- a sem saber onde enfiar a cara de vergonha...

Por essas e por outras que eles morreram se amando...

21 março 2006

Há momentos (Clarice?)

de: ‹Autor Desconhecido›
atribuído a: ‹Clarice Lispector›

Há momentos na vida em que sentimos tanto
a falta de alguém, que o que mais queremos
é tirar esta pessoa de nossos sonhos
e abraçá-la.
Sonhe com aquilo que você quiser.
Seja o que você quer ser,
porque você possui apenas uma vida
e nela só se tem uma chance
de fazer aquilo que se quer.
Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.
Dificuldades para fazê-la forte.
Tristeza para fazê-la humana.
E esperança sufi ciente para fazê-la feliz.
As pessoas mais felizes
não têm as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor
das oportunidades que aparecem
em seus caminhos.
A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam.
Para aqueles que buscam e tentam sempre.
E para aqueles que reconhecem
a importância das pessoas que passam por suas vidas.
O futuro mais brilhante
é baseado num passado intensamente vivido.
Você só terá sucesso na vida
quando perdoar os erros
e as decepções do passado.
A vida é curta, mas as emoções que podemos deixar
duram uma eternidade.
A vida não é de se brincar,
porque um belo dia se morre.

17 março 2006

Baba, Kelly Key

de: ‹Autor Desconhecido›
atribuído a: ‹Millôr Fernandes›

Acho que 99% do país já teve o desgosto de ouvir ‘Baba’, hit da temporada, defendido com muita propriedade pela buzanfa cantante da Kelly Key. Quando essa bosta não está tocando no rádio do seu vizinho jeca, do shopping ou do táxi, tem algum mala fazendo o desfavor de lembrar o refrão pra você. É uma daquelas músicas que só podem ser removidas do córtex cerebral cirurgicamente. Uma desgraça mesmo. Kelly é um perfeito protótipo de uma vagaba exemplar.

Mas calma, isso não é ruim. Afinal, milhares e milhares de brasileiras queriam ser como ela, enquanto a mesma proporção de homens queriam ter ela. Sua carreira começou desastrosamente no Samba, Pagode & Cia., aquela porcaria fracassada que passou na Globo. Deve ter durado uns dois programas, eu acho.

Daí, com 15 anos, ela se casou com o Latino, rei do funk melody, que depois tentou enveredar pela lambada e que metade das pessoas só lembra porque ele forjou um seqüestro e a outra metade porque ele tinha um sósia que media uns 15 centímetros e causou um dos momentos mais deprimentes e constrangedores da história da televisão brasileira ao se apresentar no Faustão.

Ele tinha uns dez anos a mais que ela e já estava em final de carreira quando a desposou. Daí, um belo dia, algum executivo tarado de gravadora teve a idéia de a transformar numa cruza de Cristina Aguilera com Britney Spears brazuca. Eu achei que não ia colar, que ela ia mais uma vez penar no limbo do fiasco. Mas eis que ela emplacou esse grude, deixando nossa existência um pouquinho mais miserável. Onde está o Talibã nessas horas?

O que eu não entendo é que, enquanto todas as agências internacionais de inteligência travam batalhas, movendo mundos e fundos contra a pedofilia, esse mal que assola a humanidade e ameaça o direito de escolha de nossas crianças, as pessoas cantam exatamente o contrário! Se prenderam o Planet Hemp por falar de maconha, por que não prendem essa mala? Afinal ela está incitando uma prática ilegal! Porque, como se não bastasse rimar amor com cão, o que já seria passível de pena perpétua inafiançável — ela ainda prega nessa música que o homem que respeita uma menina menor de idade é um otário.

E depois que ela completa a maioridade, quando eles já podem furunfar tranqüilamente sem que o cara seja condenado ao xilindró, aí ela não quer mais e fica tirando onda, se insinuando pro distinto homem sem liberar o material, só pra se vingar. Quer dizer, enquanto o cara é direito, não abusa da menor, ele é um babaca, que só merece o desprezo das mulheres porque agiu, no mínimo, corretamente. Tudo bem que achar uma garota que se mantenha virgem até atingir a maioridade é que nem achar um vendedor da Fórum macho. Quase impossível. Mas daí a condenar publicamente o sujeito que pôs a integridade acima do instinto animal... é tipo arrotar alto na mesa, coisas que você só faz entre amigos, em concursos e em fim de festas...

Detalhe cabuloso: ela fez essa música para o professor de educação física, por quem ela era amarradona quando tinha sete anos! Imagina se o cara entra numa com a pirralha no cio? O pior é se ele não ficou com ninguém, esperando ela desabrochar, e descobriu que ela não só o preteriu pra perder a virgindade com o Latino, como ainda tá ganhando uma baba mostrando como ele foi trouxa pro Brasil inteiro! O nome dessa música tinha que ser braba, que é isso que ela é! Trabalho não mata. Mas vagabundagem...

15 março 2006

Lançamento no 00



A cobertura completa no interETC.
(Por um problema no servidor ou no Blogger, não conseguimos postar o convite ontem.)

14 março 2006

Brasil e o mundo podem prejudicar a sua saúde

de: ‹Arnaldo Jabor›
Para ver como é difícil, nós achávamos que esse texto fosse "atribuído" ao Jabor...

Minha profissão é ver o mal do mundo. Um dia, a depressão bate. Não agüento mais ver a cara do Bush ostentando rugas na testa de preocupação com o nosso destino (que ele azedou), não agüento mais o Lula de boné dançando xaxado, não agüento ver o Sarney feliz, mandando no país, guardando o PT no bolso do jaquetão, enquanto os petistas, comunistas, tucanistas e fascistas discutem para ver quem é mais de esquerda ou de direita, enquanto o país afunda em violência e miséria, com o Estado sendo loteado entre esquerdistas sem emprego; não dá mais para ouvir que há transgênicos de esquerda ou de direita, principalmente quando ninguém consegue impedir as queimadas na Amazônia; passo mal também quando vejo a cara dos oportunistas do MST, com a bênção da Pastoral da Terra, liderando pobres diabos para a revolução contra o capitalismo; não agüento secretários de Segurança falando em forças-tarefa, em presídios perfeitos que não conseguem nem bloquear celulares; não suporto ver que o Exército se recusa a ajudar na repressão ao crime, com generais tão eficazes para arrasar a guerrilha urbana nos anos setenta.

Não suporto a polêmica desenvolvimento x austeridade, planos B, C e D, tenho horror do Fome Zero, tenho enjôo com vagabundos inúteis falando em utopias, bispos dizendo bobagens sobre economia, acadêmicos rancorosos decepcionados com Lula, não agüento mais ver a República tratada no passado, nostalgias de tortura, heranças malditas, ossadas do Araguaia e nenhuma idéia para nosso futuro, não tolero mais a falta de imaginação política, a retórica da impossibilidade sem saídas pontuais e originais, e vejo que a única coisa que acontece é que não acontece nada e que os juros baixos não acontecem nunca e penso: ‘Ahh... se os homens de bem tivessem a imaginação dos canalhas!’

Não aturo mais essa dúvida ridícula que assola a reflexão política: paciência x voluntarismo, processo x solução, continuidade x ruptura. Passo mal vendo político pedindo CPI para se lavar, deprimo quando vejo a militância dos ignorantes, a burrice com fome de sentido, o vice Alencar no bordão da queda dos juros, e o Palocci dizendo que não dá pé. Tenho engulhos ao ver essa liberdade fetichizada que rola por aí, produto de mercado, ao ver êxtases volúveis de clubbers e punks de boutique, livres dentro de um chiqueirinho de irrelevâncias, buscando ideais como a bunda perfeita, bundas ambiciosas, querendo subir na vida, bundas com vida própria, mais importantes que suas donas; odeio recordes sexuais, próteses de silicone, sucesso sem trabalho, a troca do mérito pela fama; não suporto mais anúncio de cerveja fazendo competição entre louras burras e Zeca Pagodinho jogado numa cilada, detesto bingo, pitbulls, balas perdidas, suspense sobre espetáculo de crescimento; abomino a excessiva sexualização de tudo, com bombeiros sexy engatados em mulheres divididas entre a piranhagem e a peruíce, o sexo como competição de eficiência.

Onde está a sutileza calma dos erotismos delicados? Onde, o refinamento poético do êxtase? Repugna-me ver sorrisos luminosos de celebridades bregas, passo-de-ganso de manequim, saber quem come quem na Caras, mulher pensando feito homem, caçando namorados semanais, com essa liberdade vagabunda para nada; horroriza-me sermos um bando de patetas de consumo, como crianças brincando num shopping, enquanto os homens-bomba explodem no Oriente e no Ocidente; não agüento mais cadáveres na Faixa de Gaza e em Ramos, ônibus em fogo no Jacarezinho e trens sangrando em Madri, museu de Bilbao, museus evocando retorcidos bombardeios, sem arte alguma para botar dentro, a não ser sinistras instalações com sangue de porco ou latinhas de cocô do artista.

Não agüento mais chuvas em São Paulo e desabamentos no Rio, gente afogada na Nove de Julho, enquanto formigueiros de fiéis bárbaros no Islã rezam com os rabos para cima; não agüento mais ver xiitas sangrando, dançando e batendo na cabeça no tão esperado século XXI, enquanto Bush reza na Casa Branca e o Dick Cheney, sujo de petróleo, fala em democracia no Iraque; não agüento mais ver que a pior violência é o acostumar com a violência, pois o mal se banaliza e o bem vira um luxo burguês.

Não admito mais ouvir falar de globalização, enquanto meninos miseráveis fazem malabarismo com bolinhas de tênis nos sinais de trânsito do Rio; não suporto o sorriso de Blair, a cara constrangida de Colin Powell, as pernas lindas de Condoleeza Rice, que me excita ao pensá-la em sinistras sacanagens na noite de Washington.

Não agüento cariocas de porre falando de política, festas de celebridades com cascata de camarão, matéria paga com casais em bodas-de-prata, novas forças-tarefa, Lula com outro boné, políticos se defendendo de roubalheira falando em honra ilibada, conselhos de notáveis para estudar problemas sem solução, anúncios de celular que faz de tudo, até boquete.

Dá-me repulsa e lágrimas ver mulheres-bomba tirando foto com os filhinhos antes de explodir e subir aos céus dos imbecis, odeio Sharon e Arafat, a cara de sábia estupidez dos aiatolás, o efeito estufa, o derretimento das calotas polares, casamento gay, pedofilia perdoada na Igreja, Chavez e seus referendos, Maluf negando, Pitta negando, o Sombra negando, enquanto juízes corruptos reclamam do controle do Judiciário, e o Papa rezando contra a violência sem querer morrer jamais; não agüento mais Cúpulas do G7, lamentando a miséria para nada, e tenho medo que o Kerry, que tem uma cara duvidosa de ponto de interrogação, com aquele queixo de caju, perca a eleição, entregando o mundo à gangue do Mal. Tenho medo de tudo, inclusive da minha antiga e endêmica depressão, essa minha vã esperança iluminista. E tenho medo, acima de tudo, que as pessoas não agüentem mais a democracia e joguem o país de vez no buraco.

A orgulhosa (Num baile)

de: ‹Trasíbulo Ferraz›
atribuído a: ‹Castro Alves›

Ainda há pouco pedi-te,
Pedi-te para valsar...
Disseste: — És pobre, és plebeu;
Não me quiseste aceitar!
No entretanto ignoras
Que aquele a quem tanto adoras,
Que te conquista e seduz,
Embora seja da ‘nata’,
É plena figura chata,
É fósforo que não dá luz!

Deixa-te disso, criança,
Deixa de orgulho, sossega,
Olha que o mundo é um oceano
Por onde o acaso navega.
Hoje, ostentas nas salas
As tuas pomposas galas,
Os teus brasões de rainha.
Amanhã, talvez, quem sabe?
Esse teu orgulho se acabe,
Seja-te a sorte mesquinha.

Deixa-te disso, olha bem!
A sorte dá, nega e tira.
Sangue azul, avós fidalgos,
Já neste século é mentira.
Todos nós somos iguais,
Os grandes, os imortais,
Foram plebeus como eu sou.
Ouve mais esta lição:
Grande foi Napoleão,
Grande foi Victor Hugo.

Que serve nobre família,
Linhagem pura de avós?
Se o sangue dos reis é o mesmo,
O mesmo que corre em nós!
O que é belo e sempre novo
É ver-se um fi lho do povo
Saber lutar e subir,
De braços dados com a glória,
Pra o Pantheon da História,
Pra conquista do porvir.

De nada vale o que tens,
Que não me podes comprar;
Ainda que possuísses
Todas as pérolas do mar!
És fidalga? — Sou poeta!
Tens dinheiro? — Eu a completa
Riqueza no coração.
Não troco uma estrofe minha
Por um colar de rainha
Nem por troféus de latão.

Agora sim, já é tempo
De te dizer quem sou eu,
Um moço de vinte anos
Que se orgulha em ser plebeu,
Um lutador que não cansa,
Que ainda tem esperança
De ser mais do que hoje é,
Lutando pelo direito,
Pra esmagar o preconceito
Da fidalguia sem fé!

Por isso quando me falas,
Com esse desdém e altivez,
Rio-me tanto de ti,
Chego a chorar muita vez.
Chorar sim, porque calculo,
Nada pode haver mais nulo,
Mais degradante e sem sal,
Do que uma mulher presumida,
Tola, vaidosa, atrevida,
Soberba, inculta e banal.

10 março 2006

Não te amo mais

de: ‹Autor Desconhecido›
atribuído a: ‹Clarice Lispector›

(para ser lido subindo ou descendo)

Não te amo mais.
Estarei mentindo dizendo que
Ainda te quero como sempre quis
Tenho certeza que
Nada foi em vão
Sinto dentro de mim que
Você não significa nada
Não poderia dizer mais que
Alimento um grande amor
Sinto cada vez mais que
Já te esqueci!
E jamais usarei a frase
Eu te amo!
Sinto, mas tenho que dizer a verdade
É tarde demais...

Bunda dura

de: ‹Autor Desconhecido›
atribuído a: ‹Arnaldo Jabor›

Tenho horror a mulher perfeitinha. Sabe aquele tipo que faz escova toda manhã, tá sempre na moda e é tão sorridente que parece garota propaganda de processo de clareamento dentário? E, só pra piorar, tem a bunda dura? Pois então, mulheres assim são um porre. Pior: são brochantes.

Sou louco? Então tá, mas posso provar a minha tese. Quer ver?
a) Escova toda manhã. A fulana acorda às seis da matina pra deixar o cabelo parecido com o da Patrícia de Sabrit. Perde momentos imprescindíveis de rolamento na cama, encoxamento do namorado, pegação, pra encaixar-se no padrão ‘Alisabel é que é legal’. Burra.

b) Na moda. Estilo pessoal, pra ela, é o que aparece nos anúncios da Elle do mês. Você vê-la de shortinho, camiseta surrada e cabelo preso? JAMAIS! O que indica uma coisa: ela não vai querer ficar ‘desarrumada’ nem enquanto tiver transando. É capaz até de fazer pose em busca do melhor ângulo perante o espelho do quarto. Credo!

c) Sorriso incessante. Ela mora na vila dos Smurfs? Tá fazendo treinamento pra Hebe? Sou antipático com orgulho — só sorrio para quem provoca meu sorriso. Não gostou? Problema seu. Isso se chama autenticidade, meu caro. Coisa que, pra perfeitinha, não existe. Aliás, ela nem sabe o que a palavra significa, coitada.

d) Bunda dura. As muito gostosas são muito chatas. Pra manter aquele corpão, comem alface e tomam isotônico (isso quando não enfiam o dedona garganta pra se livrar das duas calorias que ingeriram), portanto não vão acompanhá-lo nos pasteizinhos nem na porção de bolinho de arroz do sabadão. Bebida dá barriga e ela tem HORROR a qualquer carninha saindo da calça de cintura tão baixa que o cós acaba onde começa a pornografia: nada de tomar um bom vinho com você. Cerveja? Esquece! Melhor convidar o Jorjão.

Pois é, ela é um tesão. Mas não curte sexo porque desglamouriza, se veste feito um manequim de vitrine do Iguatemi, acha inadmissível você apalpar a bunda dela em público, nunca toma porre e só sabe contar até quinze, que é até onde chega a seqüência de bíceps e tríceps. Que beleza de mulher. E você reparou naquela bunda? Meu deus..

Legal mesmo é mulher de verdade. E daí se ela tem celulite? O senso de humor compensa. Pode ter uns quilinhos a mais, mas é uma ótima companheira de bebedeira. Pode até ser meio mal-educada quando você larga a cueca no meio da sala, mas adora sexo. Porque celulite, gordurinhas e desorganização têm solução (e, às vezes, nem chegam a ser um problema). Mas ainda não criaram um remédio pra futilidade. Nem pra dela, nem pra sua.

09 março 2006

Precisa-se de matéria-prima para construir um país

De: Autor Desconhecido
Atribuído a: João Ubaldo Ribeiro

A crença geral anterior era que Collor não servia, bem como Itamar e Fernando Henrique. Agora dizemos que Lula não serve. E o que vier depois de Lula também não servirá para nada. Por isso estou começando a suspeitar que o problema não está no ladrão e corrupto que foi Collor, ou na farsa que é o Lula. O problema está em nós.

Nós como POVO. Nós como matéria-prima de um país. Porque pertenço a um país onde a ‘ESPERTEZA’ é a moeda que sempre é valorizada, tanto ou mais do que o dólar. Um país onde fi car rico da noite para o dia é uma virtude mais apreciada do que formar uma família, baseada em valores e respeito aos demais. Pertenço a um país onde, lamentavelmente, os jornais jamais poderão ser vendidos como em outros países, isto é, pondo umas caixas nas calçadas onde se paga por um só jornal E SE TIRA UM SÓ JORNAL, DEIXANDO OS DEMAIS ONDE ESTÃO.

Pertenço ao país onde as ‘EMPRESAS PRIVADAS’ são papelarias particulares de seus empregados desonestos, que levam para casa, como se fosse correto, folhas de papel, lápis, canetas, clipes e tudo o que possa ser útil para o trabalho dos filhos... e para eles mesmos.

Pertenço a um país onde a gente se sente o máximo porque conseguiu ‘puxar’ a tevê a cabo do vizinho, onde a gente frauda a declaração de imposto de renda para não pagar ou pagar menos impostos.

Pertenço a um país onde a impontualidade é um hábito. Onde os diretores das empresas não valorizam o capital humano. Onde há pouco interesse pela ecologia, onde as pessoas atiram lixo nas ruas e depois reclamam do governo por não limpar os esgotos. Onde fazemos ‘gatos’ para roubarmos luz e água e nos queixamos de como esses serviços estão caros. Onde não existe a cultura pela leitura (exemplo maior nosso atual presidente, que recentemente falou que é ‘muito chato ter que ler’) e não há consciência nem memória política, histórica nem econômica. Onde nossos congressistas trabalham dois dias por semana para aprovar projetos e leis que só servem para afundar o que não tem, encher o saco daquele que tem pouco e beneficiar só a alguns.

Pertenço a um país onde as carteiras de motorista e os certificados médicos podem ser ‘comprados’, sem fazer nenhum exame. Um país onde uma pessoa de idade avançada, ou uma mulher com uma criança nos braços, ou um inválido, fica em pé no ônibus, enquanto a pessoa que está sentada finge que dorme para não dar o lugar. Um país no qual a prioridade de passagem é para o carro e não para o pedestre. Um país onde fazemos um monte de coisa errada, mas nos esbaldamos em criticar nossos governantes. Quanto mais analiso os defeitos do Fernando Henrique e do Lula, melhor me sinto como pessoa, apesar de ainda ontem ter ‘molhado’ a mão de um guarda de trânsito para não ser multado. Quanto mais digo o quanto o Dirceu é culpado, melhor sou eu como brasileiro, apesar de ainda hoje de manhã ter passado para trás um cliente através de uma fraude, o que me ajudou a pagar algumas dívidas.
Não. Não. Não. Já basta.

Como ‘matéria-prima’ de um país, temos muitas coisas boas, mas nos falta muito para sermos os homens e mulheres de que nosso país precisa. Esses defeitos, essa ‘ESPERTEZA BRASILEIRA’ congênita, essa desonestidade em pequena escala, que depois cresce e evolui até converter-se em casos de escândalo, essa falta de qualidade humana, mais do que Collor, Itamar, Fernando Henrique ou Lula, é que é real e honestamente ruim, porque todos eles são brasileiros como nós, ELEITOS POR NÓS. Nascidos aqui, não em outra parte...

Entristeço-me. Porque, ainda que Lula renunciasse hoje mesmo, o próximo presidente que o suceder terá que continuar trabalhando com a mesma matéria-prima defeituosa que, como povo, somos nós mesmos. E não poderá fazer nada...

Não tenho nenhuma garantia de que alguém possa fazer melhor, mas enquanto alguém não sinalizar um caminho destinado a erradicar primeiro os vícios que temos como povo, ninguém servirá. Nem serviu Collor, nem serviu Itamar, não serviu Fernando Henrique, e nem serve Lula, nem servirá o que vier. Qual é a alternativa? Precisamos de mais um ditador, para que nos faça cumprir a lei com a força e por meio do terror?

Aqui faz falta outra coisa. E enquanto essa ‘outra coisa’ não começa a surgir de baixo para cima, ou de cima para baixo, ou do centro para os lados, ou como queiram, seguiremos igualmente condenados, igualmente estancados... igualmente sacaneados!!! É muito gostoso ser brasileiro. Mas quando essa brasilianidade autóctone começa a ser um empecilho às nossas possibilidades de desenvolvimento como Nação, aí a coisa muda... Não esperemos acender uma vela a todos os Santos, a ver se nos mandam um Messias. Nós temos que mudar, um novo governador, com os mesmos brasileiros, não poderá fazer nada. Está muito claro... Somos nós os que temos que mudar.

Sim, creio que isto encaixa muito bem em tudo o que anda nos acontecendo: desculpamos a mediocridade mediante programas de televisão nefastos e francamente tolerantes com o fracasso. É a indústria da desculpa e da estupidez. Agora, depois desta mensagem, francamente decidi procurar o responsável, não para castigá-lo, senão para exigir-lhe (sim, exigir-lhe) que melhore seu comportamento e que não se faça de surdo, de desentendido.

Sim, decidi procurar o responsável e estou seguro de que o encontrarei quando me olhar no espelho. Aí está. NÃO PRECISO PROCURÁ-LO EM OUTRO LADO. E você, o que pensa? Medite!

08 março 2006

O direito ao palavrão

de: ‹Autor Desconhecido›
atribuído a: ‹Millôr Fernandes›

Os palavrões não nasceram por acaso. São recursos extremamente válidos e criativos para prover nosso vocabulário de expressões que traduzem com a maior fidelidade nossos mais fortes e genuínos sentimentos. É o povo fazendo sua língua.

‘Pra caralho’, por exemplo. Qual expressão traduz melhor a idéia de muita quantidade do que ‘Pra caralho’? ‘Pra caralho’ tende ao infinito, é quase uma expressão matemática. A Via Láctea tem estrelas pra caralho, o Sol é quente pra caralho, o universo é antigo pra caralho, eu gosto de cerveja pra caralho, entende?

No gênero do ‘Pra caralho’, mas, no caso, expressando a mais absoluta negação, está o famoso ‘Nem fodendo!’. O ‘Não, não e não!’ e o nada eficaz e já sem nenhuma credibilidade ‘Não, absolutamente não!’ de modo algum o substituem. O ‘Nem fodendo’ é irretorquível, e liquida o assunto. Te libera, com a consciência tranqüila, para outras atividades de maior interesse em sua vida. Aquele filho pentelho de 17 anos te atormenta pedindo o carro pra ir surfar no litoral? Não perca tempo nem paciência. Solte logo um definitivo ‘Marquinhos, presta atenção, filho querido: NEM FODENDO!’. O impertinente se manca na hora e vai pro shopping se encontrar com a turma numa boa e você fecha os olhos e volta a curtir o CD do Lupicínio.

Por sua vez, o ‘Porra nenhuma!’ atendeu tão plenamente às situações em que nosso ego exigia não só a definição de uma negação, mas também o justo escárnio contra descarados blefes, que hoje é totalmente impossível imaginar que possamos viver sem ele em nosso cotidiano profissional. Como comentar a bravata daquele chefe idiota senão com um ‘é Ph.D. porra nenhuma!’, ou ‘ele redigiu aquele relatório sozinho porra nenhuma!’. O ‘Porra nenhuma!’, como vocês podem ver, nos provê sensações de incrível bem estar interior. É como se estivéssemos fazendo a tardia e justa denúncia pública de um canalha.

São dessa mesma gênese os clássicos ‘aspone’, ‘chepone’, ‘repone’ e, mais recentemente, o ‘prepone’ — presidente de porra nenhuma. Há outros palavrões igualmente clássicos. Pense na sonoridade de um ‘Puta-que-pariu!’, ou seu correlato ‘Puta-que-o-pariu!’, falados assim, cadenciadamente, sílaba por sílaba... Diante de uma notícia irritante qualquer um ‘Puta-que-o-pariu!’ dito assim te coloca outra vez em seu eixo. Seus neurônios têm o devido tempo e clima para se reorganizar e sacar a atitude que lhe permitirá dar um merecido troco ou o safar de maiores dores de cabeça. E o que dizer de nosso famoso ‘Vai tomar no cu!’? E sua maravilhosa e reforçadora derivação ‘Vai tomar no olho do seu cu!’. Você já imaginou o bem que alguém faz a si próprio e aos seus quando, passado o limite do suportável, se dirige ao canalha de seu interlocutor e solta: ‘Chega! Vai tomar no olho do seu cu!’ Pronto, você retomou as rédeas de sua vida, sua auto-estima. Desabotoa a camisa e saia à rua, vento batendo na face, olhar firme, cabeça erguida, um delicioso sorriso de vitória e renovado amor íntimo nos lábios.

E seria tremendamente injusto não registrar aqui a expressão de maior poder de definição do português vulgar: ‘Fodeu!’ E sua derivação mais avassaladora ainda: ‘Fodeu de vez!’ Você conhece definição mais exata, pungente e arrasadora para uma situação que atingiu o grau máximo imaginável de ameaçadora complicação? Expressão, inclusive, que uma vez proferida insere seu autor em todo um providencial contexto interior de alerta e autodefesa.

Algo assim como quando você está dirigindo bêbado, sem documentos do carro e sem carteira de habilitação e ouve uma sirene de polícia atrás de você mandando você parar: O que você fala? ‘Fodeu de vez!’ Sem contar que o nível de stress de uma pessoa é inversamente proporcional à quantidade de ‘Foda-se!’ que ela fala. Existe algo mais libertário do que o conceito do ‘Foda-se!’? O ‘Foda-se!’ aumenta minha auto-estima, me torna uma pessoa melhor. Reorganiza as coisas. Me liberta. ‘Não quer sair comigo? Então foda-se!’ ‘Vai querer decidir essa merda sozinho(a) mesmo? Então foda-se!’

O direito ao ‘Foda-se!’ deveria estar assegurado na Constituição Federal. Liberdade, Igualdade, Fraternidade e FODA-SE.’
Este blog é um desmembramento do livro Caiu na rede, organizado pela jornalista Cora Rónai e publicado pela editora Agir. No livro estão alguns dos apócrifos mais populares da rede, com as atribuições de autoria falsas e, quando foi possível descobri-las, também com as verdadeiras. A idéia do livro não é restaurar a ordem no caos ou restabelecer a verdade dos fatos, mas apenas fazer um instantâneo de um certo momentoda nossa vida online.

Se você souber quem está por trás do Autor Desconhecido que assina tantos textos nestas páginas (do blog e do livro), por favor entre em contato conosco comentando nossos posts ou mandando um email para cairnarede@gmail.com.

O melhor serviço que se pode prestar aos autores de quem se gosta, porém, é nunca, jamais, em hipótese alguma, passar adiante textos a respeito de cuja autoria não se tenha certeza.

A internet, berço de tanta confusão, é, também, um excelente local para tirar dúvidas. Há inúmeras pessoas de boa vontade trabalhando como autênticos detetives literários, separando os verdadeiros poemas de Mário Quintana das vastas emoções e pensamentos imperfeitos que compõem o spam nosso de cada dia.

Entre outros, fiquem atentos ao excepcional trabalho de Betty Vidigal no Jornal do Escritor, da UBE; ao ótimo blog Autor Desconhecido , que Vanessa Lampert criou com a expressa finalidade de provar que o autor desconhecido não existe; e ao Orkut, obviamente, onde a comunidade ‘Afinal, quem é o autor?’ já conta com quase 350 participantes empenhados em fazer justiça com as próprias letras.